quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Les feuilles mortes / As folhas mortas



Oh, je voudrais tant que tu te souviennes,
Des jours heureux quand nous étions amis,
Dans ce temps là, la vie était plus belle,
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui.
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Tu vois je n'ai pas oublié.
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi,
Et le vent du nord les emporte,
Dans la nuit froide de l'oubli.
Tu vois, je n'ai pas oublié,
La chanson que tu me chantais...
C'est une chanson, qui nous ressemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
Nous vivions, tous les deux ensemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
Et la vie sépare ceux qui s'aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit.
Et la mer efface sur le sable,
Les pas des amants désunis.
Nous vivions, tous les deux ensemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
Et la vie sépare ceux qui s'aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit.
Et la mer efface sur le sable,
Les pas des amants désunis...

Jacques Prévert


AS FOLHAS MORTAS

Oh ! gostaria tanto que te lembrasses
Dos dias felizes da nossa amizade,
Nesse tempo, a vida era mais bela
E sol mais brilhante do que hoje.
As folhas mortas à pá se recolhem,
Bem vês que eu não esqueci.
As folhas mortas à pá se recolhem,
Assim como as lembranças e as mágoas,
E leva-as o vento norte
Na noite fria do esquecimento.
Bem vês que eu não esqueci
Aquela canção que me cantavas…
É uma canção connosco parecida,
Tu, que me amavas, eu que te amava.
Os dois juntos vivíamos
Tu que me amavas, eu que te amava.
Mas a vida separa aqueles que se amam,
Muito devagarinho, silenciosamente
E o mar apaga na areia
Os passos dos amantes separados.
Os dois juntos vivíamos,
Tu que me amavas, eu que te amava.
Mas a vida separa aqueles que se amam,
Muito devagarinho, silenciosamente.
E o mar apaga na areia
Os passos dos amantes separados…


Jacques Prévert / trad. de Anthero Monteiro

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quartas Mal Ditas na 1.ª semana do mês

Está aí a nova temporada das Quartas Mal Ditas no Clube Literário do Porto. A partir de agora a habitual tertúlia realizar-se-á na primeira quarta-feira de cada mês, para evitar a concorrência entre outras sessões poéticas que ocorrem no Porto sempre na quarta quarta-feira.

Assim, no dia 6 de OUTUBRO próximo, pelas 22 horas, o Piano-Bar do Clube receberá a primeira sessão "mal-dita" da temporada, subordinada ao tema:

POEMAS DE OUTONO

Como convidado especial teremos connosco o

GRUPO DE BALADAS NOSTALGIA

As leituras estarão a cargo de:

Amílcar Mendes
Ana Almeida Santos
Anthero Monteiro
António Pinheiro
Cláudia Pinho
Diana Devezas
Isabel Marcolino
Joana Padrão
Luís Carvalho
Mário Vale Lima
Marta Tormenta
Rafael Tormenta

Coordenação / Guião de
Anthero Monteiro

QUARTAS MAL- DITAS
Poesia / Música / Conversas

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A TUA BOCA






Foto in
tonydycarlo.blogspot.com




...e eu aqui a apodrecer

no caroço

da eternidade



Anthero Monteiro,
Esta Outra Loucura, V.N.Gaia, Corpos Editora, 2002

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vampiro






foto in
www.zazzle.com/
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chegas de longa ausência - e é longa a eternidade
de dez minutos só cavados como um fosso
e para me vingar da mágoa e da saudade
eu mordo-te o pescoço
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agora já transformo o meu semblante amargo
e este ricto de fel num só momento adoço
mas recordo o sabor que me passou ao largo
e mordo-te o pescoço
----agora que raiou a minha e tua aurora
que outra música enfim pela amplidão já ouço
impiedoso castigo essa tua demora
e mordo-te o pescoço
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descobres-mo depois deliras e eu deliro
veneno instilo em ti tu em mim alvoroço
tanto te faz talvez eu ou outro vampiro
mas mordo-te o pescoço
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Anthero Monteiro,
Sete Vezes Sete Nuvens, Porto, Egoiste, 2010