segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Traição

o senhor vento
violento
passou no jardim
deixou prostradas
as rosas

o jardineiro
que só tinha olhos
e mãos
para as flores
debruça-se
para erguê-las

mas no atalho
sobranceiro
passeia uma sombra
o seu perfume

o homem detém o gesto
e fica a olhar
até desaparecer
aquela mulher
desconhecida

e às rosas perfeitas
mas impacientes
pareceram longas horas os instantes
em que ficaram vergadas
ao peso da vergonha
e do ciúme

à espera dos olhos traiçoeiros
à espera daquelas mãos tardias

Anthero Monteiro
Santa Maria da Feira, 3 de Novembro 2003

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Chove Poesia nas Quartas Mal Ditas



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Quarta-feira, 2 de Fevereiro, 22 horas
no Pianao-bar do Clube Literário do Porto
Rua Nova da Alfândega

a habitual sessão mensal das Quartas Mal Ditas

Tema:
CHOVE POESIA

Leituras por:
Amílcar Mendes
Ana Almeida Santos
Anthero Monteiro
António PInheiro
Cláudia Pinho
Diana Devezas
Luís Beirão
Mário Vale Lima
Rafael Tormenta

Convidado musical:
Rui Paulino David

Guião / Coordenação:
Anthero Monteiro

Haverá um momento para os poetas prsentes lerem um ou dois poemas da sua autoria, desde que obedeçam ao tema.

Comparece, participa, divulga, por favor.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Laranjas



Anthero Monteiro
e Edgar Carneiro
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São laranjas que trazem os navios.
Alinham-se no cais. Circulam na cidade

São esta cor das ruas e dos montes
Inundam a manhã de claridade

Ladeiam os caminhos
Como quem volta aos ramos

Em cada mão acendem a promessa
Tão viva que magoa nos sentidos

E túrgidas se mostram. Ardem. Pulsam.
No coração dos homens,
Redondas, como um gládio, amadurecem.


Edgar Carneiro, Antologia Poética,
Espinho, Elefante Editores, 1998
(com Introdução de Anthero Monteiro)
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Poema escrito antes do 25 de Abril, fala sobretudo da Liberdade que se pressentia. Nada tem a ver com partidos políticos.

Razão de amar

Faleceu ontem, dia 15/1/2011, com quase 98 anos (fá-los-ia no próxima dia 8 de Maio) Edgar Carneiro, o poeta de Espinho e um dos residentes da Onda Poética desde o início.
Nascera em Chaves em 1913, vindo parar a Espinho por ter sido colocado numa escola das proximidades em 1967.
Era um amigo fiável e afável, com quem foi um privilégio conviver e com quem muito aprendemos. Ficaremos sempre reconhecidos por ter sido o poeta que apadrinhou o nosso primeiro livro de poesia e nos deu o prazer de apresentar o seu último, intitulado "Périplo".
Mestre da brevidade e da concisão, poeta diurno, amante da liberdade, nunca mais o esqueceremos. Agora que a morte quis matá-lo, apenas acabou por garantir-lhe a eternidade.
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Por amarmos os pássaros voando
E tudo quanto é livre e natural;
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Por amarmos os rios sem barreiras
E o mar que banha a praia por igual;
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Por amarmos o sol e o girassol;
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Por amarmos a estrela mais distante
E o seu reflexo de ouro numa flor;
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Por amarmos a toda a humanidade
É que nós nos amamos, meu amor.
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Edgar Carneiro, Antologia Poética,
Espinho, Elefante Editores, 1998
(introdução de Anthero Monteiro)
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Saiba mais sobre Edgar Carneiro in
(texto da nossa responsabilidade)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"Nice to eat you!"
















E agora... O poeta JOÃO HABITUALMENTE e a sua poesia erótica na ONDA POÉTICA (Junta de Freguesia de Espinho - Rua 23) na próxima quinta, 13/1, às 21.30 h.

Colaboração musical de Rui Paulino David.

Guião/Coordenação de Anthero Monteiro /

Leituras pelo Colectivo da Onda.

E a sessão terá por título "NICE TO EAT YOU!"
(que é assim que o sujeito poético de um dos poemas saúda uma donzela em Brighton)...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Habitualmente prefiro as curvas



Fotos de Anaas da sessão das Quartas Mal Ditas de ontem com o poeta João Habitualmente e a sua poesia erótica.
Guião e coordenação de Anthero Monteiro.
Colaboração musical de Rui Paulino David.
Leituras por Amílcar Mendes, Ana Almeida Santos, Anthero Monteiro, António Pinheiro, Cláudia Pinho, Luís Beirão, Mário Vale Lima e Rafael Tormenta.
Local: Clube Literário do Porto.
Piano-bar repleto.